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A MINERAÇÃO DO FUTURO É DIGITAL


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Executivo (Afzal*) de Inovação da Vale aborda como está sendo feita a digitalização do setor e por que ela está ocorrendo agora -

Todo mundo que tem um smartphone conhece as os avanços recentes da tecnologia digital. Dez anos atrás, para se obter o melhor caminho até algum lugar era preciso usar um “aparelho de GPS” relativamente grande para os padrões atuais, que só indicava um caminho e nada mais. Hoje é possível, com um telefone celular, calcular a rota de forma dinâmica e receber informações sobre as condições do tráfego em tempo real baseando-se nos inputs de outros usuários. Agora imagine esse pequeno avanço transportado para uma indústria como a da mineração, que movimenta bilhões de dólares ao ano.

Com a mesma tecnologia ficou mais fácil calcular a melhor rota para os caminhões fora de estrada - veículos imensos que podem chegar a 400 toneladas e alcançar a altura de um prédio de dois andares -, que circulam de um lado para outro dentro da mina. Ao se reduzir o tempo de deslocamento do caminhão entre a frente de lavra e a usina de beneficiamento, onde o minério é tratado, ganha-se tempo e economizam-se recursos – há uma melhora da produtividade.

O avanço visto nos últimos dois ou três anos permitiu que a tecnologia digital se tornasse mais acessível, ou seja, mais barata para as empresas e mais fácil de ser usada. Foi-se o tempo em que montar um modelo estatístico com os dados disponíveis para descobrir qual era a melhor decisão a se tomar diante de um problema poderia levar até 24 horas. Era um prazo tão longo que tornava a informação inútil. Hoje esses modelos estatísticos são montados em questão de minutos.

Além disso, os custos dos projetos de TI despencaram em poucos anos. Uma iniciativa baseada em análise avançada de dados provavelmente levaria dois anos para ficar pronta e custaria centenas de milhares de dólares. Esse valor agora está na casa das dezenas de milhares de dólares e às vezes é possível usar somente recursos internos das empresas. Em alguns casos o único investimento necessário é a passagem aérea para que o analista visite o local da operação onde a melhoria será implantada.

Como no passado o custo do investimento era alto, antes de se desenvolver um projeto era preciso comprovar sua eficiência. Agora pode-se fazer como nas start-ups: gerar um protótipo, rodar um piloto, testar na base da tentativa e erro, e só depois decidir se o projeto será implantado.

Essas mudanças vieram num momento em que o setor de mineração precisa aumentar sua produtividade urgentemente. Até poucos anos atrás os preços das commodities estavam tão altos que o que importava era volume. O preço da tonelada do minério de ferro, por exemplo, atingiu o pico de US$ 191 em 2011 (no ano passado chegou ao seu patamar mais baixo, de US$ 37, mas hoje está em US$ 90). Na época da bonança as mineradoras não precisavam se preocupar com custo, só tinham de aumentar a produção para atender ao apetite do mercado.

Para se ter uma ideia de como essa busca por volume fez a mineração ficar defasada em relação a outros setores, um estudo da consultoria McKinsey aponta que a produtividade média das minas a céu aberto é de 39% - medida pelo índice de Eficácia Global dos Equipamentos (OEE, em inglês) -, enquanto a do petróleo e gás “upstream” é de 88% e a da siderurgia, de 90%. De 2004 a 2013, no auge do “superciclo” das commodities, a produtividade do setor mineral caiu 3,5% ao ano.

Mas nos últimos anos o preço caiu e o jogo mudou. O que importa agora é ter o custo mais baixo e isso só pode ser conquistado com eficiência e produtividade. Soluções tradicionais, como cortar pessoal ou simplificar processos, já não têm tanto impacto como tinham no passado. É hora de usar o avanço tecnológico para criar uma nova forma de fazer mineração.

É um momento em que muitas empresas estão falando sobre o “digital” e o seu potencial para provocar transformações. Há uma gama de oportunidades para melhoria nos processos corporativos, mas para nós da mineração o verdadeiro valor do digital está nas áreas operacionais. É preciso ir a campo e trabalhar na linha de frente do negócio para entender como podemos beneficiar o empregado na ponta em seu trabalho do dia a dia seja nas minas, ferrovias e portos.

Com o advento da Internet das Coisas Industrial os equipamentos estão cada vez mais conectados e gerando informação a todo momento. Esses dados, sozinhos, não são úteis. Mas, quando combinados com dados de outros equipamentos e ambientes e em seguida processados com a tecnologia disponível no mercado, permitem que decisões mais inteligentes sejam tomadas com uma capacidade e uma rapidez tal que a mente humana sozinha não consegue alcançar.

Essas decisões podem estar relacionadas a vários processos como manutenção de equipamentos, consumo de energia, gestão da cadeia produtiva, gerenciamento de estoques e até mesmo saúde e segurança – com modelos que “preveem” a possibilidade de ocorrerem acidentes e contribuem para sua prevenção, um ponto que é crucial para as mineradoras.

Além disso, há as vantagens da mobilidade, que libera o operador da necessidade de passar horas no escritório para usar um computador. Ele pode desempenhar as mesmas funções no campo usando aplicativos para dispositivos móveis, que em alguns casos são desenvolvidos “dentro de casa” pelas equipes de TI das empresas, com interfaces extremamente simples, porém eficientes. Isso também representa um ganho de produtividade.

(*) Afzal Jessa é gerente-executivo de Inovação em TI da Vale.

Fonte/Creditos:

Opinião (http://cio.com.br)

http://cio.com.br/opiniao/2017/02/21/a-mineracao-do-futuro-e-digital/

Por Opinião

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