Com sede em São Paulo, Brasil Ozônio aplica gás para limpar afluentes e O2eco utiliza bactérias para despoluir rejeitos, como fez em Mariana (MG).
SAMY MENASCE, DA BRASIL OZÔNIO: TECNOLOGIA CAPAZ DE MINIMIZAR RISCOS DE DESASTRES COM BARRAGENS (FOTO: DIVULGAÇÃO)
O rompimento da Barragem do Feijão, em Brumadinho (MG), completou dois meses nesta segunda-feira (25/3). A "correnteza de lama" matou centenas de pessoas, deixou dezenas de desaparecidos e contaminou o Rio Paraopeba, um dos afluentes do Rio São Francisco.
Uma tecnologia brasileira promete minimizar os riscos desse tipo de desastre ambiental, ao limpar a água dos rejeitos, contaminada com metais pesados, como ferro e manganês, com ozônio. Foi desenvolvida em 2008 pela Brasil Ozônio, startup incubada no Cietec (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia), da USP (Universidade de São Paulo).
De acordo com Samy Menasce, fundador e presidente da empresa, a técnica trata a água contaminada, a ponto de ser devolvida aos rios sem prejudicar o meio ambiente. O tratamento de rejeitos reduz a pressão sobre barragens de rejeitos, como a que se rompeu em Brumadinho (MG).
Uma das empresas que aplicou a solução foi a INB (Indústrias Nucleares do Brasil, que tem barragens com água contaminada por ferro e manganês, decorrentes da extração de urânio. "Ao injetarmos ozônio no manganês, o material sofre oxidação, fica mais pesado e vai para o fundo da água — pondendo ser filtrado e retirado. Se o metal estiver dissolvido na água, fica difícil retirar os resíduos", afirma o engenheiro mecânico.
Com o apoio financeiro do BNDES Funtec, programa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) voltado para projetos de pesquisa e desenvolvimento, a Brasil Ozônio tem uma equipe de 30 profissionais que coleta os metais pesados separados da água e os reutiliza, em parceria com outras empresas.
“É um ciclo que se renova com o ozônio, gerando economia para a companhia parceira, que pode reaproveitar os materiais, e benefícios para o meio ambiente”, diz.
Bactérias da limpeza
A startup O2eco, de São José dos Campos (SP), atua no mesmo segmento que a Brasil Ozônio, com uma técnica diferente: usa bactérias para despoluir as águas de rios e lagos. A tecnologia foi aplicada para combater os danos do desastre de Mariana (MG), em 5/11/2015.
Segundo Luís Fernando Magalhães, um dos quatro sócios da O2eco, o projeto foi criado na Austrália, país onde ele morou por 14 anos. Hoje, a startup tem autorização para fabricar o produto no Brasil.
“Usamos uma placa de cera com nanominerais, para estimular a criação de bactérias saudáveis que ajudam na limpeza de afluentes. Elas têm potencial para crescer de 8 mil vezes para 10 milhões de vezes a cada 10 horas”, calcula Magalhães. "Em cinco semanas, reduzimos o nível do alumínio dos dejeitos em Mariana em aproximadamente 57%."
Fontes/créditos:
Época Negócios
https://epocanegocios.globo.com
https://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2019/03/startups-brasileiras-criam-solucoes-para-descontaminar-agua-com-metais-pesados.html
Por Época Negócios